Cinema e Arquitetura: O Céu de Lisboa

Nossa dica desta semana é o excepcional  O Céu de Lisboa ( Lisbon Story ) de Wim Wenders.

O filme que é em parte uma sequência de O Estado das Coisas/ Der Stand der Dinge (1982), com o mesmo personagem do diretor Friedrich, e também uma homenagem à The Road Movie Trilogy, composta dos filmes Alice nas Cidades/ Alice in den Staedten (1974), Movimento em Falso/ Falsche Bewegung (1975) e No decurso do Tempo/ Im Lauf der Zeit (1976), onde os personagens de Wim Wenders trocam de geografia procurando respostas para seus conflitos.

Além das magníficas imagens de Lisboa, cuidadosamente capturadas por Wim Wenders, temos o prazer de ouvir Madredeus, integrante do elenco do filme e responsável pela trilha sonora.

O  personagem  se mostra um tipo meio cômico, Philip Winter (o alemão Rüdiger Vogler), é um sonoplasta  que viaja para Lisboa, a convite de um amigo cineasta e acaba se encantando com a cidade, seus moradores e seus sons, mas as coisas não acontecem exatamente como ele esperava.

Winter viaja de carro, meditando sobre a nova condição da Europa  em seu processo de transformação  na União Europeia. Ele começa a treinar vários idiomas, e decide-se a ouvir e repetir frases em Português para quando da chegada a Portugal se sentir familiarizado com o idioma.

Antes de chegar, vários incidentes o deixarão quase em desespero por perceber que há pontos sem explicação para essa propalada “união” da velha Europa; Philip está na Lisboa antiga vivenciando os problemas de um lugar decadente , porém com seus encantos que resultarão em preciosas reflexões.

Lá, ele descobre que haviam crianças portuguesas que a tudo filmavam por ordem do cineasta, inclusive a ele mesmo, fato que, aos poucos, vai despertando em seu espírito uma simpatia por aquele país tão próximo quanto desconhecido dos próprios “vizinhos ricos”…

Enquanto vai se adaptando ao novo ambiente, Philip Winter começa a conhecer a cultura musical lusitana através do grupo Madredeus que tem como solista a fabulosa Teresa Salgueiro, por quem obviamente ele se apaixona.

O protagonista adota Fernando Pessoa como livro de cabeceira:

Ali não havia eletricidade.
Por isso foi à luz de uma vela mortiça
Que li, inserto na cama,
O que estava à mão para ler —
….
A “Primeira Epístola aos Coríntios” …

E um grande mar de emoção ouvia-se dentro de mim…
Sou nada…
Sou uma ficção…
Que ando eu a querer de mim ou de tudo neste mundo?
“Se eu não tivesse o amor.”
E a soberana luz manda, e do alto dos séculos,
A grande mensagem com que a alma é livre…
“Se eu não tivesse o amor…”
Meu Deus, e eu que não tenho o amor! …

FILME REALIZADO EM COMEMORAÇÃO AOS 100 ANOS DO CINEMA MUNDIAL

Título original: Lisbon Story (Portugal/Alemanha, 1994)

Diretor: Wim Wenders – o primeiro cineasta do então chamado Jovem Cinema Alemão a estudar cinema regularmente. Abandonou os estudos de Medicina e Filosofia para dedicar-se ao cinema.

Elenco: Rüdiger Vogler, Patrick Bauchau, Teresa Salgueiro, Pedro Ayres Magalhães, Joel Cunha Ferreira, Sofia Bénard da Costa, João Canijo

Extras: Featurette “Os Sons de “O Céu de Lisboa’” (sobre a música do Madredeus).

Idioma: Multilíngüe e Inglês

Gênero: Comédia/ Drama

Duração: 134 min. Cor

Distribuidora: Paris Filmes

 

Sobre este autor
Cita: Joanna Helm. "Cinema e Arquitetura: O Céu de Lisboa" 03 Fev 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-28149/cinema-e-arquitetura-o-ceu-de-lisboa> ISSN 0719-8906

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